sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Historiografia Contemporânea

Durante as décadas de 30 e 40 as contribuições de Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior renovam nossa historiografia. Era um período turbulento de grandes mudanças no cenário internacional, mas também nacional, onde nossos intelectuais buscavam um maior esclarecimento de nosso passado afim de entender o presente para projetar o futuro. Desta forma esses três historiadores acabam escrevendo obras revolucionárias, onde os sujeitos até então ocultos eclodem nas narrativas revelando um Brasil multicultural em sua essência. Embora as participações desses novos personagens tenha sido consideralvelmente tímidas, foram responsáveis por despertar o interesse de uma nova geração de escritores, mais críticos, visionários e acima de tudo preocupados com todo o contexto social não apenas com a história das elites e heróis nacionais como vinha ocorrendo até então.

Tanto a historiografia nacional quanto a catarinense seguiram o mesmo rumo desde sua formação até sua configuração atual. Ambas se apresentavam tradicionais com narrativas em torno da elite baseadas em documentos oficiais, até o momento em que é criada a Revista francesa: Annales em 1929 quando as minorias ganham espaço na História escrita. Depois os Institutos Históricos e Geográficos, tanto o brasileiro quanto o estadual, surgem com o intuito de organizar e sistematizar essas narrativas fundamentando a história de sua região, logo após, a disseminação dos cursos superiores provocam um leque ainda maior de escritores que "desenterram" mais sujeitos e novas fontes. Desta forma, pouco a pouco, a historiografia tradicional voltada aos feitos heróicos encontra uma nova história: simples e cotidiana composta pelos mais variados personagens assim como a conhecemos nos dias de hoje.

Conhecer as bases de nossa disciplina nos propicia uma preparação integral para o momento de reger uma classe de aula. É essencial conhecermos as raízes daquilo que iremos lecionar, desta forma possuíremos uma grande gama de interpretações, formas de considerá-la e transmiti-la. Ao término de nossa disciplina somos capazes de identificar todos os acontecimentos que influenciaram na formação da História como conhecemos atualmente e assim formarmos nossas próprias bases teóricas, nossas considerações, nossa própria maneira de ver os conteúdos e passá-los aos planos de aula e por fim nossa capacidade de remeter todas as vertentes sobre um mesmo tema mantendo a imparcialidade, fornecendo aos nossos alunos a oportunidade de pensar por sí próprios e formar o seu regime de verdades.

A industrialização e formação da sociedade brasileira


O contigente de trabalhadores brasileiros se intensificou por volta de 1850 numa sociedade repleta de injustiças. O cotidiano dos trabalhadores era desumano, sua jornada de trabalho alcançava 12 horas diárias, não havia descanso semanal, férias, direitos em caso de doenças ou acidentes. Para piorar ainda mais a situação em caso de erro os empregados eram punidos tanto verbal quanto fisicamente. Isto tudo ocorreu devido a falta de um regulamento que delimita-se os direitos e deveres existentes na relação proprietário-produtor. Esta situação de emprego rigoroso não era exclusividade urbana se estendo também pelo interior do país. Somava-se a este cotidiano caótico os baixos salários que lançavam o povo a uma vida de privações, vivendo em locais pobres de saneamento e urbanização.

Em poucas décadas os trabalhadores passaram a se organizar em grupos, buscando melhores condições criaram as Associações de ajuda mútua onde os próprios funcionários se auxiliavam em casos de desemprego, doença, acidente de trabalho, gravidez, morte entre outros acontecimentos. As greves causaram impacto no mundo capitalista e aos poucos as oligarquias perceberam que era preciso ceder um pouco para garantir o funcionamento de suas empresas.

Assim que Vargas chega ao poder no ano de 1930 ele faz uso de sua retórica para influenciar as grandes massas ganhando o seu apoio, é neste momento histórico que a classe trabalhadora vai conseguir progresso em busca de seus objetivos. Getúlio ficou conhecido como "Pai dos pobres" e não era pra menos, em poucos anos criou as Leis trabalhistas e o Ministério do Trabalho concedendo privilégios as pessoas menos favorecidas. Logicamente esses avanços não eram simples atos de benevolência, mas sim uma forma de fortalecer seu cargo político, e isto ele alcançou, conduziu o país à mãos de ferro, foi muito criticado por intelectuais e mídia, mesmo assim até os dias de hoje nenhum presidente alcançou tamanho carinho e admiração do povo brasileiro.

Siga em frente: é chegado o momento da República

Conforme nossos historiadores afirmam a República foi mesmo um longo processo pelo qual caminhou a sociedade brasileira, com o detalhe da exclusão do povo nesta nova formação política, assim como o fora no momento da Independência do país.


Podemos conceber este momento como um longo processo porque se originou aos poucos a partir do desgaste do sistema imperial.

As mudanças já haviam passado na área econômica: através do café como salvação nacional e na área social com a abolição da escravatura e imigração estrangeira. Contando estas alterações profundas no meio brasileiro logicamente seria necessário uma nova forma de governo para suprir o então "cambaleante" sistema de D. Pedro II.

Novamente a elite entra no jogo e decide os rumos nacionais, desta vez os militares possuíam vantagem pelo prestígio recém adquirido na Guerra do Paraguai e conseguem temporariamente um lugar no topo hierárquico. E através de um golpe militar conquistamos a tão desejada liberdade proporcionada pelo sistema republicano. "Liberdade"? Uma liberdade em termos literários que para o povo não mudou em nada a realidade que continuou sendo de privações e exclusão nas decisões políticas.